Madruguei e voltei a dormir.
Acordei às 10h, uma delícia.
Dia fresquinho, ainda.
Céu nublado.

Café da manhã.

Dia de pagamento.
Muita dificuldade pra acessar a conta de luz esse mês. Perdi um tempão e não consegui.
Abandonei. Amanhã tento de novo.

Dia de #tbt.
Silvinha postou uma foto da família, ahhhhhhh, me deu muitas saudades das mulheres maravilhosas que já fizeram a passagem, Dona Therezinha e Marília.


Encontrei uma foto do aniversário de 14 anos da Maria Clara.
Hoje uma linda mulher de quase 20!
Emilie tão menininha ainda…. já é uma mocinha de quase 12 anos!
Chorei de saudades.
Tão longe, a Maria.
Tão perto e tão distante, a Emilie.
Sinto muita falta de conviver com elas.
Era muito bom quando tínhamos nosso jantar semanal, juntas com o Diego.
Macarrão pizza, ahhhhhhh…
O tempo passa, as pessoas tem seus interesses pessoais, sua vida.
Fica o amor imenso por vocês, lindezas do meu coração.

Banho e cantei pra subir.
Xô melindre!

Fui pro mercado.
I-na-cre-di-tá-vel!
Pessoas, até onde irão os preços?
Quando penso nas pessoas que tem que sobreviver com o salário ínfimo, juntos com suas famílias, ahhhh, vergonhoso dimaaaiiiisss!

Realmente, tá muito foda!
E desse horror não tem como alheiar.

Refugiei na cozinha.
Couve-flor recheada com requeijão, queijo e bacon. Arroz.

Quando fui esquentar o arroz no microondas, surpresa!
O velhinho pifou depois de 10 anos de bons serviços.
Foi pra lista de “esperar promoção”.
De volta ao banho-maria, que dá certo também.


O verão traz insetos desconhecidos, de colorido lindo.

Enquanto espero o almoço, um trecho de Ensaio sobre a Cegueira, pra enlevar.

“Do novelo emaranhado da memória, da escuridão dos
nós cegos, puxo um fio que me aparece solto.
Devagar o liberto, de medo que se desfaça entre os
dedos.
É um fio longo, verde e azul, com cheiro de limos,
e tem a macieza quente do lodo vivo.
É um rio.
Corre-me nas mãos, agora molhadas.
Toda a água me passa entre as palmas abertas, e de
repente não sei se as águas nascem de mim, ou para
mim fluem.
Continuo a puxar, não já memória apenas, mas o
próprio corpo do rio.
Sobre a minha pele navegam barcos, e sou também os
barcos e o céu que os cobre e os altos choupos que
vagarosamente deslizam sobre a película luminosa
dos olhos.
Nadam-me peixes no sangue e oscilam entre duas
águas como os apelos imprecisos da memória.
Sinto a força dos braços e a vara que os prolonga.
Ao fundo do rio e de mim, desce como um lento e
firme pulsar do coração.
Agora o céu está mais perto e mudou de cor.
É todo ele verde e sonoro porque de ramo em ramo
acorda o canto das aves.
E quando num largo espaço o barco se detém, o meu
corpo despido brilha debaixo do sol, entre o
esplendor maior que acende a superfície das águas.
Aí se fundem numa só verdade as lembranças confusas
da memória e o vulto subitamente anunciado do
futuro.
Uma ave sem nome desce donde não sei e vai pousar
calada sobre a proa rigorosa do barco.
Imóvel, espero que toda a água se banhe de azul e que
as aves digam nos ramos por que são altos os
choupos e rumorosas as suas folhas.
Então, corpo de barco e de rio na dimensão do homem,
sigo adiante para o fulvo remanso que as espadas
verticais circundam.
Aí, três palmos enterrarei a minha vara até à pedra
viva.
Haverá o grande silêncio primordial quando as mãos se
juntarem às mãos.
Depois saberei tudo.”

José Saramago é um autor que conheço há muito tempo.
O primeiro livro dele ganhei do Heloy e da Ana Paula, no aniversário de 37 anos.
Lembro bem porque era um livro que nominava todas as infinitas igrejas de Portugal.
Mais nada!

Fiquei tãotão intrigada que, em 2005, durante a licença médica pra tratamento de hepatite C, li toda a obra dele, toda, todinha.
Me apaixonei, recomendo, sugiro, além de Ensaio, A história do cerco de Lisboa e, especialmente, As intermitências da morte.

Esse último é dos dois livros que li onde a morte é a narradora.
O outro é A menina que roubava livros, também imperdível.

Ler Saramago, Eça de Queiroz e as personas de Fernando Pessoa, muito bem me fizeram quando da minha primeira viagem a Portugal.

No bairro da Mouraria me senti um personagem do cerco, de Saramago.


A beira do Tejo, Pessoa.


Na viagem ao Porto, Eça.


Depois, através da Lica Krug, conheci aurores contemporâneos de literatura linda, como Miguel Souza Tavares e José Rodrigues dos Santos.

Muito dessa curiosidade pela literatura portuguesa devo ao professor Haroldo Ramanzini, um mestre amado.

Raquel Astolfi teve a experiência de morar três anos em Lisboa.
Meu filho Diego já vai completar cinco anos no Algarve.
E eu, ahhhhhhh, espero desde julho passado fazer outra viagem a terrinha.


Viajei gostoso puxando um fio do emaranhado das memórias.

” Viver é bom, partida e chegada…” (Cazuza)

Para reflexão.


Resistir e acreditar.

Seguimos.