Delícia de calor, céu azul e passarinhos.
Acordar é um luxo.
E o luxo não é material.
O luxo é estar vivo, se permitir sentir alegria e gratidão, levantar da cama e partir pra vida de olhos, braços e coração abertos pra abundância que existe no derredor.
Me sinto completamente contente.
A prática, o café da manhã, os bons dias bons.
Banho poderoso.
As rotinas que me levaram a cantar Chico Buarque.
As plantas do quintal que me dão tanto prazer.
Melhor, hoje vou encontrar a mamãe na manhã e os amigos na tardezinha.
“O melhor o tempo esconde
Longe muito longe
Mas bem dentro aqui
Quando o bonde dava volta ali
No cais de Araújo Pinho
Tamarindeirinho
Nunca me esqueci…”
O tamarineiro da praça.
E a manhã com a mamãe foi muito gostosa.
Conversamos, caminhamos, fizemos compras, fomos ao mercado e almoçamos.
Muita harmonia e risadas.
Deixei ela e Pretinha e voltei pra casa.
Falei com o Lucas.
E continuam os planos pra estada dele e Henrique no Brasil.
Muito bom.
Se não posso ter tudo que quero me contento em ter o que tenho. E agradeço.
Em casa.
“Sem passar da porta de casa, é possível saber o que acontece no mundo…
Quanto mais longe se busca o saber, menos se aprende.”
Lao-Tsé
Como eu gosto de chegar aqui.
É o melhor lugar do meu mundo.
E Arnaldo Antunes alegrou a tarde de sol.
Agenda 1995.
Janeiro.
Fiz a matrícula do Diego na Industrial, ou Etec.
O filhão fez eletrônica, colegial técnico.
Foram 4 anos intensos e que garantiram uma expertize que rende lucros até hoje.
Além da escola ser tudo de bom.
Anos depois o Lucas também foi pra lá.
Assisti”Entrevista com o Vampiro” no cinema.
Recebi cartinha da Ivânia Dalla Vecchia.
Só não descobri quem trouxe.
Vânia e eu formamos uma dupla em Vilhena. Nossos maridos também amigos.
Na carta ela me contou que estava morando em Maresias, que Camila estava mocinha e que o Paulo, o ex, ia se casar com uma amiga dela.
Me deu notícias dos amigos de Vilhena.
Camila quase nasceu na minha cama. Tivemos que correr pra maternidade com a Vânia.
Foram muitas aventuras na fazenda da família dela e por Vilhena.
Ela de bike e eu de Mobilete.
As bunitas huhuuuu!
Sempre muito bom.
A família Dalla Vecchia saiu de Pato Branco, no Paraná, e criou uma rede de supermercados na Rondônia.
Nunca mais nos encontramos pessoalmente.
E, pelo Facebook, quando a reencontrei, já havia se tornado evangelista, morando em Curitiba.
Querida amiga Ivânia Dalla Vecchia, de olhos arregalados e sorriso aberto, sempre animada e esportiva.
Muitas saudades de você!
E a música, que deu o nome pra filha e era a preferida dela…
Aqui vale mais uma memória.
Quando chegamos em Vilhena arrumei uma babá pro Lucas.
Aparecida, a querida. Morou conosco até minha volta pra cá.
Sua família tinha um sítio no Paraná, que foi desapropriado pelo governo federal pra inundação do que se tornou a usina de Itaipu.
Foram extremamente enganados, financeiramente.
Prometeram terras na Rondônia, que ainda era território.
Terra que nunca chegou.
Trabalhavam e moravam, em condições de escravidão, para os grandes latifundiários, inclusive a família da amiga Ivânia.
Pá daqui, pá de lá, Aparecida ficou conosco, dona Maria e seu marido foram se virando, vendiam as jacas do nosso quintal, faziam faxina e tudo que aparecesse.
Eram uma das muitas famílias paranaenses que migraram e se ferraram.
Muito triste a realidade dessas pessoas, que aceitavam o acontecido por não terem forças e meios de se rebelarem e exigirem seus direitos.
Pois é.
Não tenho notícias. Espero que estejam todos bem.
“…O Brazil nunca foi ao Brasil…”
Desde sempre é muita patifaria né?
Então tá bom.
Ontem meu querido amigo, Juarez Azevedo, me enviou essa jóia.
Juarez é fã do Lupicínio Rodrigues.
E quem não?
Compositor incrível que, ao lado do Cartola, na minha modesta opinião, são dois dos grandes da MPB de todos os tempos.
Com Alcione e Jamelão, show.
“…Nunca
Quando a gente perde a ilusão
Deve sepultar o coração
Como eu sepultei…”
Já “Vingança” é a praga do amor perdido.
Tudo amor dolorido.
Fazer o que?
São os clássicos românticos.
Agora vou de Cartola, pra empatar.
“…Ouça-me bem, amor
Preste atenção, o mundo é um moinho
Vai triturar teus sonhos, tão mesquinho
Vai reduzir as ilusões a pó…”
Agora vou voltar pro Arnaldo Antunes.
“..Não quero morrer, pois quero ver
Como será que deve ser envelhecer
Eu quero é viver pra ver qual é
E dizer venha pro que vai acontecer…”
Porque sou fã absoluta dele.
O autógrafo foi o Fer quem conseguiu, numa virada cultural que não consegui ir.
Estava de plantão.
No outro ano, Arnaldo veio no saudoso Botucanto.
Eu, toda animada, descobri em qual dos iglus do espaço cultural ele estava
Fui na janela e chamei.
Dois GCMs vieram me abordar.
Arnaldo mandou deixar quieto.
Lindo e gentil, cantei pra ele que ” o pulso ainda pulsa” totalmente apaixonada.
Ele me disse ” ahhhhhh, querida!” e beijou minha mão.
Fiquei em alfa.
Flainei pelo espaço cultural de mão estendida, contei pra geral, foi muito emocionante.
E sentei bem na frente do palco, claro. E ele me viu, evidente.
É o tipo de amor que só faz bem.
Porque ele não é apenas um compositor. É um poeta, cidadão, ativista, escritor infantil, pai de família, ético e liiiindooo!
Tá gostoso dimaaaaiiiissss aqui na rede da varanda, com céu azul e calor.
Mais tarde vou encontrar os amigos, tudo dentro das regras.
Tomar umas cervejas, cada um no seu canto, e devorar a boa comida do Amilton.
Para reflexão.
Resistiremos,sim!
Seguimos.