“O Louco
Perguntais-me como me tornei louco. Aconteceu assim:
Um dia, muito tempo antes de muitos deuses terem nascido, despertei de um sono profundo e notei que todas as minhas máscaras tinham sido roubadas – as sete máscaras que eu havia confeccionado e usado em sete vidas – e corri sem máscara pelas ruas cheias de gente gritando: “Ladrões, ladrões, malditos ladrões!”
Homens e mulheres riram de mim e alguns correram para casa, com medo de mim.
E quando cheguei à praça do mercado, um garoto trepado no telhado de uma casa gritou: “É um louco!” Olhei para cima, para vê-lo. O sol beijou pela primeira vez minha face nua.
Pela primeira vez, o sol beijava minha face nua, e minha alma inflamou-se de amor pelo sol, e não desejei mais minhas máscaras. E, como num transe, gritei: “Benditos, benditos os ladrões que roubaram minhas máscaras!”
Assim me tornei louco.
E encontrei tanto liberdade como segurança em minha loucura: a liberdade da solidão e a segurança de não ser compreendido, pois aquele que nos compreende escraviza alguma coisa em nós.”
De Khalil Gibran, que recebi da amiga Claudinha Oliveira.

Acordei com as lembranças me fazendo lacrimejar.
Como já escrevi aqui, ainda bem que tenho essas memórias de encontros tãotão especiais.
Quantas saudades!

Decidi não ligar tv ou rádio.
Optei por iluminar minha casa e minha solitute com música.
Porque o céu azul de outono já iluminava a cidade.

Chico Buarque, Diogo Nogueira, Luiz Melodia, Maria Rita, Bete Carvalho, Zeca Pagodinho….

Tati, querida, curtiu.

O bacalhau já estava trocando de água desde ontem.
Fervi enquanto tomava o café da manhã.

Falei com a mamãe, também fazendo o seu bacalhau.
Falei com o Fer.
Os bons dias e as lembranças.

Uma sexta-feira santa inédita.

Roupa Nova.
Igual a que estamos vestindo nesse momento.
Novos movimentos.
Novas não expectativas.
Nova a maneira de não conviver.
Novo jeito de estar perto.
Nova vida.
O mesmo amar.

Casa de Samba.
Porque tenho vários sonhos.
Um deles é ir numa feijoada na casa do Zeca.

Um brinde virtual com meu filhão.
Emoções e lágrimas, alegrias e amor, muuuuiiiitoooo amor.

“É ser humano…”

Bacalhau refogado, batatas cozidas.
Agora é o creme.

Minimizei minha sede.
Ou as emoções me desidratam.
Talvez.

Três da tarde.
A hora em que, aos 33 anos, segundo a história católica, o moço Jesus morreu na cruz.

Bacalhau gratinando no forno.
Céu de outro azul.
Venta.

Vigésimo dia.
Muitas saudades de abraçar.
Muita vontade de nadar.
Muitas observações sobre o meu lar.
Muita escrevinhação, pouco ler, muito pensar e refletir sobre o tudo do todo.

O isolamento tentando fazer da solitute uma nova solidão.
Sem chance se eu puxar a memória e aí o lacrimejar.
Esse momento não vai vencer a gratidão por estar viva, por ter a felicidade como caminho e decisão.

Pessoas queridas que me leem.
Estou aqui, pronta a receber suas manifestações.

Me ajudem a não me sentir sozinha, por favor.

Eu existo com vocês.

Obrigada.

Agora vou comer o bacalhau que fiz pro bem querer.
Geral.
Total.

Seguimos.