Fui dormir com uma reflexão.
Por morar sozinha tenho mais ou menos dificuldade de adaptação a nova rotina nas relações?

” Meu caminho é cada manhã…”

21 de abril, dia da morte do alferes Joaquim José, que foi enforcado por lutar contra a cobrança de impostos abusiva por parte de Portugal.

25 anos da Companhia de Teatro Chafariz.
Vivas pra  maravilhosa Solange Rivas, saudoso Kim Marques, queridėrrima Regina Lino e pra todos os guerreiros da cultura de Botucatu.

Começo meu segundo mês de restrição social.
E o que me faz mais falta é poder beijar e abraçar minha mãe, meus filhos na Europa, minhas netas que não vejo há meses, meus irmãos, cunhadas e sobrinhos. Os amigos, ahhhh… Uns tão perto, outros tão longe.

Depois vem as saudades de ir pro clube nadar:a grande delícia do viver que redescobri.

Aí vem o estar com as pessoas, confraternizar, comer e beber juntos.
Basicamente isso.

Conversei com Lucas. Sempre muito lúcido e prático. Muito bom saber que ele está bem, trabalhando em casa. Na Irlanda é primavera, e que tudo vai ser como tiver que ser.
O valor das importâncias.

Conversei com o Diego, otimista com a possibilidade de Portugal começar a flexibilizar o isolamento,  e as portas doTaquelim reabrirem pra esperar o lindo verão solar do Algarve.
O mar português, que amo, amamos e queremos muito curtir juntos.
Novamente.
Finalmente.

Mamãe também acordou animada e me disse pra descansar, “porque hoje é feriado, filha.”.

Meu coração de mãe está em paz.
Meu coração de filha também.
Sinto saudades dos meus irmãos.

Lulu Santos, ” Como uma onda”, num vídeo bem gostoso, foi um presente na manhã.
Gratidão Ricardo!

Queijo quente com dois queijos, uma gordice com café.
Céu azul, 15º, o privilégio de poder ficar preguiçando até enjoar.

O chato dos feriados é que não tem jornal no rádio. Claro que os jornalistas merecem folga, mas o hábito….

Os hábitos.

Fiquei com Lulu na manhã.
Santo YouTube, Batman!

” Fazer da minha vida sempre
O meu passeio público
E ao mesmo tempo fazer dela
O meu caminho só, único…”

Terminei de arrumar as ferramentas. Muito orgulhosa de mim porque sou preguiçosa. Não pra arrumar, mas pra mexer em coisas que me levam de volta a um viver que já não é mais.
Mesmo sendo o agora melhor, a enésima potência.

Cuidei das plantas, da casa, da louça… e de mim, num banho delicioso.

Hoje vai ser macarrão com molho de carne, bem apurado e temperado.

Esquentou o dia.
Muito bom.

Entre pintar, cozinhar e simplesmente estar em casa, a manhã terminou.

Cheia de energia boa, além do macarrão fiz torta de abobrinha, a preferida do amigo amado Carlos Ramos, e também bolo de milho verde com queijo. Que será presente pra mamãe.

Enquanto isso, na rede, tento finalizar o livro Gomorra.
É tanta história da máfia que chego a agradecer morar aqui.
Apesar de tudo o que está em andamento lá fora.

Mas hoje não quero sentir raiva.

Aí deu saudades do papai ” me desespero a procurar alguma forma de te falar: como é grande o meu amor por você!”, do natais em Uberaba.
Escolhi Roberta Miranda, de voz maravilhosa, cantando Roberto Carlos.
E vieram só boas lembranças e muitas emoções.
Siiiiiiimmm.
Porque tive muitas na vida e quero ter muitas mais.

A vida é linda.
E ” … não vou mudar…sou fera ferida…” e a cura está no meu coração.

Porque a raiva ocupa a mente e deixa cegos os olhos da memória.
Por isso está decidido.
Chega de sentir raiva.
Sem perder a crítica mas, também, sem perder a riqueza de viver um dia lindo sem culpa.

Almocei com Seo Jorge.
O pop brasileiro da melhor qualidade.

Por algum motivo, lembrei do Txindóki, o bar do Zilton, na Curuzu.
Muito som bom nas noites de cervejas, tesões e snooker, que não aprendi a jogar mas aprendi a apreciar.
O amigo há anos mora em Faro, no limite do Pará com o Amazonas, e tem um blog que fala das dores e delícias de lá.
Conheci, e muitos de nós conhecemos, o Zilton com o Modern Square, a banda do seu Rona Protes que tocava, e o Coruja cantava e encantava, nas brincadeiras dançantes de domingo, no BTC da João Passos.

Cai a tarde.
Dei uma olhada no mundo lá fora, pela tv, e não escutei nenhuma boa notícia nos quinze minutos que aguentei.

Voltei correndo pro meu universo particular.
Com “retratos e canções” tãotão especiais aqui dentro, eu posso, eu quero, eu mereço estar comigo e só.

Egoísmo?
Alienação?
Auto preservação.

Fiquei em casa.
Respeito, admiro e agradeço a você que está na frente de batalha por mim e por nós.

Quero acreditar que tudo isso vai passar siiiiiiimmm.
Tem horas que trepido.
Normal.

“Isso tudo está mexendo com o que é ser humano, com o que é socialização”, Chico Bosco, no Papo de Segunda de ontem.

Uma terça-feira deliciosa.

Final de tarde outonal, céu nublado, tá fresquinho.
Agora é rede na varanda, música boa e o pensar.

Seguimos.