Ouviram do Ipiranga as margens plácidas
De um povo heroico o brado retumbante,

Vocabulário:
Plácidas — serenas, sossegadas, mansas, tranquilas
Brado — grito, clamor
Retumbante — estrondoso, que faz eco

Explicação:
Primeiro vamos pôr os versos na ordem direta: “As margens plácidas do Ipiranga ouviram o brado retumbante de um povo heroico”. Assim fica mais fácil. Esses versos falam sobre a proclamação da Independência do Brasil, em 7 de setembro de 1822. Como o grito de d. Pedro I foi dado perto do Ipiranga, em São Paulo, o autor diz que as margens do sossegado riacho teriam ouvido o grito de independência, um desejo de todos os brasileiros que haviam lutado heroicamente por aquele momento.

 

E o sol da liberdade, em raios fúlgidos,
Brilhou no céu da pátria nesse instante.

Vocabulário:
Fúlgidos — cintilantes, que têm brilho

Explicação:
Ao ouvir o grito de independência, que tornou o país livre de Portugal, o sol da liberdade brilhou no céu do Brasil.

 

Se o penhor dessa igualdade
Conseguimos conquistar com braço forte,
Em teu seio, ó liberdade,
Desafia o nosso peito a própria morte!

Vocabulário:
Penhor — garantia, segurança, prova

Explicação:
Também vamos pôr primeiro na ordem direta: “O nosso peito desafia a própria morte, em teu seio, ó liberdade, se conseguimos conquistar o penhor dessa igualdade com braço forte”. Um povo unido é capaz de se organizar e lutar para garantir sua liberdade. É capaz de enfrentar até mesmo a morte. A expressão “braço forte” se refere à força do povo na conquista desse ideal.

 

Ó pátria amada,
Idolatrada,
Salve! Salve!

Vocabulário:
Idolatrada — querida, amada

Explicação:
É uma declaração de amor ao Brasil.

 

Brasil, um sonho intenso, um raio vívido
De amor e de esperança à terra desce,
Se em teu formoso céu, risonho e límpido,
A imagem do Cruzeiro resplandece.

Vocabulário:
Vívido — ardente, vivo, luminoso, brilhante
límpido — puro, luminoso
Resplandece — brilha
Cruzeiro — Cruzeiro do Sul, constelação formada por 54 estrelas, das quais só são visíveis a olho nu as dispostas em forma de cruz. Sua figura também aparece na bandeira, no selo e nas armas nacionais.

Explicação:
Na ordem direta, ficaria assim: “Um sonho intenso, um raio vívido de amor e de esperança desce à terra, Brasil, se a imagem do Cruzeiro resplandece em teu céu formoso, risonho e límpido”. A constelação do Cruzeiro do Sul, no céu formoso e límpido do Brasil, faz aparecer sobre o nosso país a imagem de uma cruz. Por isso, o povo brasileiro contempla o brilho dessas estrelas e vê nelas a luz do amor e da esperança.

 

Gigante pela própria natureza,
És belo, és forte, impávido colosso,
E o teu futuro espelha essa grandeza.

Vocabulário:
Impávido — corajoso, destemido, que não tem medo
Colosso — objeto de dimensões imensas
Espelha — reflete

Explicação:
O Brasil é comparado a um gigante por causa de suas dimensões territoriais e de sua beleza natural. O futuro dessa nação irá refletir também no futuro de seu povo.

 

Terra adorada,
Entre outras mil,
És tu, Brasil,
Ó Pátria amada!

Explicação:
Entre tantas outras nações, nossa pátria é amada e adorada.  O autor exagerou. Não existem mil nações no mundo. Hoje são duzentas.

 

Dos filhos deste solo és mãe gentil,
Pátria amada,
Brasil!

Explicação:
O Brasil é uma terra boa, que não nega nada a seus filhos. Por isso é tão amado.

 

Deitado eternamente em berço esplêndido,
Ao som do mar e à luz do céu profundo,
Fulguras, ó Brasil, florão da América,
Iluminado ao sol do Novo mundo!

Vocabulário:
Esplêndido — cheio de luz, magnífico
Fulguras — brilhas
Florão — enfeite no formato de uma flor
Novo mundo — a América

Explicação:
Vou passar mais uma vez o trecho para a ordem direta, combinado? Fica deste jeito: “Ó Brasil, florão da América. Fulguras iluminado ao sol do Novo Mundo, deitado eternamente em berço esplêndido, ao som do mar e à luz do céu profundo”. Entenderam? Situado numa região de grande beleza, o Brasil possui uma costa muito extensa, um céu de bastante luminosidade e é um dos principais países da América, o Novo Mundo, destacando-se como um enfeite em forma de flor.

 

Do que a terra, mais garrida,
Teus risonhos, lindos campos têm mais flores;
“Nossos bosques têm mais vida”,
“Nossa vida” no teu seio “mais amores”.

Vocabulário:
Garrida — enfeitada, vistosa, alegre

Explicação:
“Teus campos risonhos, lindos, têm mais flores do que a terra mais garrida.” Os campos brasileiros são alegres e bonitos, têm mais flores do que a mais enfeitada das terras. Nessa passagem o autor introduziu versos de Gonçalves Dias, do poema “Canção do exílio”.

 

Ó pátria amada,
Idolatrada,
Salve! Salve!

Explicação:
Repete-se a declaração de amor ao Brasil.

 

Brasil, de amor eterno seja símbolo
o lábaro que ostentas estrelado,

Vocabulário:
lábaro — pendão, bandeira, estandarte
ostentas — exibes com pompa

Explicação:
Pôr na ordem direta? Você está ficando mal-acostumado! “Brasil, o lábaro estrelado  que  ostentas  seja  símbolo  de  amor  eterno.” O trecho se refere à bandeira nacional estrelada, desejando que ela represente, para sempre, o amor que os brasileiros nutrem por sua pátria.

 

E diga o verde-louro desta flâmula
— “Paz no futuro e glória no passado.”

Vocabulário:
Verde-louro — verde-amarelo
Flâmula — bandeira

Explicação:
O verde-amarelo da bandeira simboliza as grandes conquistas, que são frutos das lutas e das revoluções do passado.

 

mas, se ergues da Justiça a clava forte,
Verás que um filho teu não foge à luta,
Nem teme, quem te adora, a própria morte.

Vocabulário:
Clava — pedaço de pau usado como arma
Teme — sente medo

Explicação:
Não fiquem imaginando que os homens da Justiça vão sair distribuindo porretadas por aí. Nesse trecho se usou o sentido figurado.  A expressão “clava forte da Justiça” se refere à força que tem a justiça para obrigar quem quer que seja a respeitar os direitos do povo. Se essa arma se levanta, exigindo uma atitude, o Brasil verá que nenhum de seus filhos deixa de lutar, nem tem medo de morrer pela pátria.

Terra adorada,
Entre outras mil, És tu, Brasil,
Ó Pátria amada!
Dos filhos deste solo és mãe gentil,
Pátria amada,
Brasil!

 

O Hino Nacional Brasileiro foi composto em 1831 por Francisco Manuel da Silva.

 

 

Conteúdo extraído do livro “O Guia dos Curiosos – Brasil“