No final da tarde, depois que a coluna foi publicada, recebi a melhor notícia do dia: a partir da próxima segunda-feira a Ferrô estará aberta pra treinar.
Fiquei trepidando de feliz.

Ontem, dia 4, Zeca Pagodinho completou 62 anos.
Do Irajá, bairro do Rio de Janeiro, para o mundo, desde 1977 ele vem cantando e encantando com seus sambas, numa carreira sólida, ao lado da sua família linda.

Sou louca por ele.
Sou louca por samba.
Meus sonhos pro Rio são dois: desfilar na Mangueira e participar de uma “feijoada do Zeca”.

Um trecho de Mia Couto:

“Na realidade, no momento atual e global muitos de nós deixamos simplesmente de querer saber do futuro.
E parece recíproco: o futuro também não quer saber de nós.
Estamos tão entretidos em sobreviver que nos consumimos no presente imediato. Para uma grande maioria, o porvir tornou-se um luxo.
Fazer planos a longo prazo é uma ousadia a que a grande maioria foi perdendo direito. Fomos exilados não de um lugar. Fomos exilados da atualidade. E por inerência, fomos expulsos do futuro.
Esta é a condição não apenas de milhões de pessoas, mas de muitos países do nosso continente e do mundo inteiro. O amanhã tornou-se demasiado longe. Mais do que longínquo, tornou-se improvável. Mais do que improvável, tornou-se impensável….
E quem fala de tempo fala da espera e da sua irmã gêmea, a esperança.
Infelizmente foi-se generalizando uma atitude de descrença.
O acumular de crises e o compensar dos crimes contra a ética convidam-nos a uma desistência da alma.
Todos os dias uma silenciosa mensagem nos sugere o seguinte: o futuro não vale a pena. Há que viver o dia-a-dia, ou na linguagem dos mais jovens: há que curtir os prazeres imediatos…
Necessitamos de reescrever uma narrativa nova, de inventar um tempo que seja brilhante e sedutor. E que dê sentido às escolhas de longa duração, que dê valor à esperança e à moralidade enquanto investimentos a longo termo.
Necessitamos de ter a certeza de que vale a pena esperar sem receio de que os abutres devorem, entretanto, o melhor pedaço da nossa alma.”
(Retirado da revista Prosa Verso e Arte)

Acordei tranquila.
Dia branco e ainda fresco as 7:30h.

Enquanto preparava o café da manhã, o jornal da rádio abria pras opiniões dos ouvintes.
Nada melhorou, nessas quase duas semanas de fase vermelha em Botucatu.
Trânsito caótico, ruas lotadas de pedestres, o aumento de infectados e de óbitos.
Triste.

Pelo telefone tenho percebido que minha mãe está cansada.
Tirando o sábado que passamos em Cesário Lange, ela não sai de casa há três semanas.
E ainda está esperando a vacina….
A espera foi o motivo pra não querer vir passar o dia comigo.

Eu, por minha vez, também estou respeitando ao máximo o isolamento.
Saí na segunda-feira pra resolver a agenda da mamãe, fiquei duas horas e meia fora.
Ontem saí pra abastecer minha casa, uma hora e meia exatas.

Todos estamos exaustos.
E não há saída.
Ter paciência ou tornar-se paciente.
Básico assim.

Faxina de aspirador.
Banheiro lavado.

Leitura na rede.

” Aos quinze anos, a vida me ensinou inegavelmente que a rendição, na hora certa, era tão honrosa quanto a resistência, principalmente quando não se tinha escolha.”

Maya passou um mês vivendo em um ferro velho com pessoas da mesma idade.
Fugia da madrasta, que a machucou, e do pai, que nada sabia sobre ela, nem a idade dela!

” Depois de um mês, meus processos de pensamento tinham mudado tanto que eu mesma mal me reconhecia. A aceitação inquestionável dos meus colegas afastou a insegurança familiar…
Nunca mais me senti tão verdadeiramente fora da cerca que envolvia a raça humana. A falta de crítica evidenciada por nossa comunidade improvisada me influenciou e criou um tom de tolerância na minha vida….
Apesar de não ter arrependimentos, eu disse para mim mesma que crescer não era o processo indolor que achavam que era.”

E como não é indolor, Maya.
Até aqui, aos 60 anos, muitas vezes me dói profundo entender as transformações diárias que passamos, o entendimento real dos acontecimentos, e das relações, que devemos ter.
Crescer dói, siiiimmm!

E essa é pra você, querida escritora, uma das músicas que você dançou, com seu irmão Bailey, na São Francisco dos anos 1940.

Chuva vem, chuva vai, o sol tentante.
Mudança de planos do quintal.

Preparei tabule de presente pra querida Giovana.

Uma menina linda, tímida, inteligentíssima.
É a segunda filha dos meus amados vizinhos Vanderlei e Rosana.
Muitas vezes já falei deles aqui, tenho muito carinho.
São minha família ao lado, os que estão sempre disponíveis pra mim.
Sou muito fã e muito grata.

Gi, querida, que seu caminho seja repleto de bençãos e alegrias, que sua dedicação te leve além dos seus sonhos.
Beijão e presente musical…

Pelo rádio soube que teremos frente fria no final de semana.
Não gostei da notícia. E torço pra estar errada a previsão.

Tenho me recusado a assistir jornais da tv.
A semana toda no alheiamento total.
Basta o Facebook, Instagram e whatsapp.
Já me empardam a energia o suficiente, tenho evitado ao máximo.

Acordar cedo dá fome mais cedo.
Preparei um molho “tipo” matriciana que aprendi ontem com a Rita Lobo.
Bacon bem gritinho na própria gordura, cebola e alho, pimenta calabresa e o delicioso pomodoro do Fer.
Ficou delicioso e coloquei sobre a última parte da massa verde que eu tinha.

Estou quase terminando o livro da Maya Angelou e, então, provavelmente vou gravar A Leitura Liberta esse final de semana.
O plano é mergulhar de cabeça na obra da Fernanda Young através do Kindle novo, que ganhei do Lucas, e também dos livros físicos que ganhei da Silvia Machado.

Pensar na Silvia me leva a Silvinha, a Lana e Denise, Mari Nilce, Eloisa Campos, Sandra Peduti, Marina, Elen Rose, Eliane…
Ahhhhhhh, amigas!
Quantas saudades de estar com vocês!

Silvinha curtiu o fado de ontem com a Gisela João.
Então aqui está o fado rock dos Xutos e Pontapés pra você conhecer queridona.

A música deles me traz o Diego pra bem perto e chego a sentir o cheiro do meu filho e das vielas de Lagos a caminho da praia.

Vai passar e vamos nos reencontrar, todos nós!

“Sozinho na noite
Um barco ruma para onde vai.
Uma luz no escuro brilha a direito
Ofusca as demais.
E mais que uma onda, mais que uma maré
Tentaram prendê-lo impor-lhe uma fé
Mas, vagando à vontade, rompendo a saudade,
Vai quem já nada teme, vai o homem do leme
E uma vontade de rir nasce do fundo do ser.
E uma vontade de ir, correr o mundo e partir,
A vida é sempre a perder…”

Bom final de semana pra todos nós!

Para reflexão.
“No ultimo mês sinto ter vivido uma década e, na próxima semana, quero viver pelo menos meio século!
Quero que tudo seja intenso, exagerado, louco, porque só assim fico satisfeita.”
Clarice Lispector

Resistir e insistir em ser resistência.

Seguimos.