Sábado, dia 266.
Pintores, ok.
A fachada da casa ficou linda.
Ventilador, ahhh…ainda não foi hoje.
Desencontro.
Plano São Paulo.
Restrições.

Domingo, dia 267.
Aprendendo a lidar com a frustração.
Porque não tenho como controlar o que não está ao meu alcance.
Muito chorosa.
Prosas de “se liga” com Lucas e Gardin.
Diego telefonou.
A natação me fez afogar os demônios que eu crio pra me auto-sabotar.
Hilda me acarinhou com um creme de espinafre delicioso.
Lucas e Henrique embarcaram e estão voando pro Brasil.
Drinks com Hilda, Gar, Amilton.
Fernando e Silvinha.
Sueli.
Macarrão abençoado.

Acordei pouco antes de virar segunda-feira.
Felizfeliz com os meninos embarcados, já no vôo pro Brasil.
Acordei com a chuva molhando meus pés.
Na tv, Pedro pelo Mundo tomando Ginginha no mesmo mercado em que estivemos, eu e meus filhos.

Resolvi escutar Xutos em homenagem a terra lusitana, que se tornou nossa terra nesse momento familiar que estamos vivendo há quase 5 anos.
Escolhi essa versão em que eles cantam com os Titãs num Rock’n Rio.

“…por essa estrada
Por esse caminho a noite
De sempre
De queda em queda
De passo a passo
Andando
Pra frente…”

Foi em Portugal que nos reencontramos, os três, há dois anos.
Lagos, nossa casa algarvia.
Gratidão filhão.
Foi lindo.

“Mãe, calma, agora com o Lucas você mata metade da saudade”, o que me faz pensar que, pra ele, não estar conosco é muito mais dolorido.

São as bifurcações dos caminhos.
É isso.

Escolhi essa foto pra homenagear Ana Vieira Pereira, que começou novo ano domingo, 13.
O “pimento” de luz em frente a igreja é o símbolo das marchas populares que acontecem no dia de Santo Antônio, o mais festejado em todo Portugal.
E ela é uma gatagarota portuguesa com certeza.
Nascida em Caldas da Rainha, na Leiria, em Portugal.

Ana entrou na minha vida através da vida do Lucas, quando aluno da Aitiara.
“Francisco e os pássaros”, livro escrito por ela, chegou na chacrinha, me apaixonei e a conheci.
Ana querida, que seu caminho seja sempre abençoado, com muitas emoções e alegrias, boas palavras e músicas,
Muito obrigada por toda a beleza que você espalha.
Beijão!

Acordei alerta.
No whatsapp a melhor notícia: os meninos estão em terra brasilis. Vivas!

Dani Lima veio dar um pegão na casa.
Magalu e ventilador em processo.

O Eclipse de hoje não verei.
Não tenho proteção pros meus olhos.
Mas já tive esse prazer e é inesquecível.

3 de novembro de 1994.
Saí do plantão noturno e fui contemplar.
Escrevi…

” O Eclipse
9:50h
Morro de Santo Antônio
Rubião Junior
9:55
O sol em Escorpião
A lua entrando no Sol
Tudo visto pelo raio-x não revelado
Ao som de passarinhos
Céu azul
Em cima da casinha da torre
Bem-te-vis
O Sol virou lua crescente
10:10h
Ou é a lua comendo o Sol?
Ao redor 360º de azul
Infinito verde.
Esse conversê de aves faz viajar.
E aí olhei nas árvores e não vi nada.
O verde virou som.
Um ultra-leve passa voando ao redor da igreja.
10:25h.
O clarão é intenso.
As pessoas vão chegando de todas as maneiras.
O ultra-leve vai, profundo, penetrando o azul do Eclipse.
Venta.
Já está mudando alguma coisa.
A sombra já está diferente, mudou a temperatura.
Cada vez o morro acolhe mais gente.
10:37
Não muda a posição do Eclipse, mas muda a sensação.
É de perdida no tempo.
Que louco, estamos suspensos em cima de um vulcão que somos nós.
Cada um que ferve e se evapora buscando.
O que?
Buscando.
Insaciável a sede.
O Sol virou lua nova.
Tudo ao contrário e igual.
O céu continua azul.
Os passarinhos calaram.
10:48h
O ultra-leve volta.
A lua vai se esfregando pelo Sol.
O tempo parou.
Sensação de por do sol com o horizonte azul.
10:58h
O brilho do Sol está intenso.
Começa o fim desse encontro.
A lua parece que vai sair pela direita.
11h, 11:10h, uma sequência que vi já na estrada.
Na cidade, tudo igual.
A sensação não mudou.
Na avenida, na minha casa.
Suria namaskar.”

Falei com o Lucas.
Que alegria!
Eles estão em São Paulo, no novo ninho dos pais do Henrique, Luizinho e Cleusinha.
Lucas está estranhando o calor do Brasil e eles vão estreiar a piscina do condomínio.
Muito bacana!

A chegada dos meninos e as transformações e conquistas que nós, os pais, estamos passando, abençoados por um Eclipse e as vésperas da celebração do casamento deles, ahhhhhhh, delícias do viver!

A notícia da morte do querido Luciano Lunardi Ragazzi foi a tristeza da manhã.
Lilian tinha me ligado na quinta-feira, contando que ele estava doente.
Hoje ele fez a passagem.
Luciano é amigo da adolescência, tivemos juntos aventuras divertidas.
Era muito inteligente, calmo, de fala baixa e mansa, sorriso tímido e uma risada interessante.
Arquiteto talentoso, estivemos juntos no começo desse ano, no Centro Cultural de Botucatu, onde eu voluntariava.
Sempre de boas, sempre carinhoso, um homem bom.
Que você seja muito bem recebido no outro plano.
Foi um grande prazer privar da sua amizade.
Música pra você, que curtirmos juntos muitas vezes.
Beijão!

“Viu que vai passar o filme do Fred Mercury na tela quente da Globo?”, me avisou a musa
Raquel Astolfi.
Que filme!
Vou rever com certeza!

Aqui no Brasil os trapalhões insanos do desgoverno continuam em marcha lenta, característica do negacionismo que é parte do currículo deles.
A pandemia e a vacina deveriam ter o protagonismo das ações.
Infelizmente estamos nas mãos da medusa gigante, cada cabeça representando o pior do ser humano e o país a um passo de tornar-se a estátua de sal.

Como bem disse o Fernando Haddad, se o ódio era contra o PT haviam outras opções de voto.
E eu complemento: escolheram o insano genocida que já dava pinta de ser demoníaco quando usava a legislatura pra fanfarronices homofóbicas, machistas e medievais.
Escolheram acreditando que o demente estava curado, que era bonzinho e anti-corrupção.
Taí o resultado.
Chefe de uma familícia, comandante de Sinistros, um atentado ambulante a democracia e aos direitos civis.
Ser humano sociopata, deveria estar numa camisa de força.
Sinto muito, nas tem dias que não aguento e tenho que vomitar o horror que sinto.

Filtros nas janelas.

“Poeminho do Contra
Todos esses que aí estão
Atravancando meu caminho,
Eles passarão…
Eu passarinho!”
Mario Quintana

Meio da tarde.
Almoçamos gostoso, eu e Dani.
Minha casa voltando ao que era antes.
O que sobrou das transformações e ficou está devidamente organizado na varanda.
O que era pra doação já foi com a mulher do reciclado.
Está tudo muito gostoso no nosso pequeno reino familiar.
Estou grata e feliz.

Para reflexão.
“Se quiseres acordar toda a humanidade, acorda-te a ti mesmo.
Se quiseres eliminar o sofrimento do mundo, então elimina a escuridão e o negativismo em ti próprio.
Na verdade, a maior dádiva que podes dar ao mundo é aquela da tua própria autotransformação.”
Lao-Tsé

Resistir dia após dia.

Seguimos.